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Leia com atenção: “Muita gente o tinha odiado. E ele odiara a todos. Apanhara na polícia, um homem ria quando o surravam. Para ele é este homem que corre em sua perseguição na figura dos guardas. Se o levarem, o homem rirá de novo. Não o levarão. Vêm em seus calcanhares, mas não o levarão. Pensam que ele vai parar junto ao grande elevador. Mas Sem-Pernas não para. Sobe para o pequeno muro, volve o rosto para os guardas que ainda correm, ri com toda a força do seu ódio, cospe na cara de um que se aproxima estendendo os braços, se atira de costas no espaço como se fosse um trapezista de circo. A praça toda fica em suspenso por um momento. “Se jogou”, diz uma mulher, e desmaia. Sem-Pernas se rebenta na montanha como um trapezista de circo que não tivesse alcançado o outro trapézio. O cachorro late entre as grades do muro”. AMADO, Jorge, Capitães da Areia. 19. ed. São Paulo: Cia. das Letras, 2013. p. 242. A cena se passa diante do conhecido Elevador Lacerda que vem a ser um dos mais famosos “cartões-postais” de Salvador, Bahia. Com base neste trecho e em seus conhecimentos sobre o contexto histórico e as características do autor, assinale a única alternativa CORRETA. A) A imagem transmite a ideia de que Sem-Pernas decai ainda mais na escala social, considerando que o elevador liga a cidade alta à baixa. B) O trecho tem o objetivo de mostrar que os Capitães da Areia estavam integrados à sociedade e à vida econômica, porém ainda tinham dificuldades de aceitação. C) A cena evidencia que os meninos deveriam viver na periferia, à margem da cidade, na parte mais baixa da sociedade apenas para exemplificar o espaço da narrativa tão requisitado pelo autor em suas obras. D) O Elevador Lacerda, de uso público, situa-se no desnível brusco e pronunciado que, em Salvador, separa a “Cidade Alta”, zona portuária e popular, considerada seu centro econômico) da “Cidade Baixa”, grande centro histórico e cultural.