Alfabetização e afetividade - parte III: Afetividade e cogni
Por: Danielle C.
07 de Julho de 2017

Alfabetização e afetividade - parte III: Afetividade e cogni

Pedagogia

Este texto é parte de meu artigo "Alfabetização e Afetividade", escrito como pré-requisito para a conclusão de minha especialização em Alfabetização e Letramento.

 

Observando-se a aquisição da linguagem, tem-se como uma das bases de sua aquisição a afetividade que o estudante constrói a partir das práticas escolares propostas para ele, da postura docente e de outros colegas e até mesmo dos objetos que fazem parte da sala de aula.

“Toda pessoa é afetada tanto por elementos externos - o olhar do outro, um objeto que chama a atenção, uma informação que recebe do meio - quanto por sensações internas - medo, alegria, fome - e responde a eles. Essa condição humana recebe o nome de afetividade e é crucial para o desenvolvimento. ” (SALLA, 2011)

Por isso, é necessário observar de que forma os elementos que rodeiam o estudante, assim como as sensações, afetam os momentos de aprendizado, de forma a contribuir ou atrapalhar seu desenvolvimento. Para Wallon, primeiro teórico a observar a afetividade como base para o desenvolvimento cognitivo, o processo de aprendizagem se dá nas instâncias da afetividade, cognição, motoras e também socioculturais. Este teórico, superando o pensamento da aprendizagem como consequência apenas de processos cognitivos (a mente “separada” do corpo), vê o desenvolvimento do ser humano de forma integral.

Afetividade se dá por meio da emoção, do sentimento e da paixão, sendo a emoção a forma mais expressiva da afetividade, permitindo o desenvolvimento do estudante no campo intelectual, e levando à criança a ter interesse em se desenvolver. É de grande importância a todo educador comprometido à uma educação humanizadora que observe a afetividade como fator determinante em suas aulas. Um aluno (a) que esteja sentindo-se mal fisicamente ou psicologicamente não terá o mesmo desempenho em sala do que um aluno que apresenta bem-estar. Quando há nervosismo, vontade de ir ao banheiro, ou brigas constantes na família, isso irá se refletir na postura do aluno referente às suas práticas como estudante, pois “o afeto influencia as relações e os processos de aprendizagem, requerendo visões inclusivas e capazes de resgatar as dimensões de cuidado necessária ao processo educativo” (FERREIRA; ACIOLY-RÉGNIER, 2010, p.24). É necessário, portanto, que o educador saiba lidar com as emoções do educando, visando um equilíbrio entre a afetividade e a cognição.

A AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Associando as teorias sobre cognição e afetividade, percebe-se a complementação entre uma e outra para compreender como o processo de aquisição formal da linguagem escrita é facilitado ou dificultado dependendo de como o aluno é afetado pela mesma. Sabe-se que:

As situações de dor, perdas, sofrimento, mortes, lutos e a violência vivida pelos alunos [...], requerem do educador uma compreensão abrangente e integrativa do desenvolvimento, no qual as diversas faces do aluno enquanto pessoas possam ser contempladas, e não apenas uma visão unilateral que privilegia apenas uma dimensão ou conjunto funcional. (FERREIRA; ACIOLY-RÉGNIER, 2010, p.24)

Portanto, se houver um trabalho com um estudante “fragmentado”, levando em consideração apenas uma de suas “faces”, ignorando a existência de um corpo que sente e uma mente complexa, as possibilidades de atuação com este educando toram-se limitadas e muitas vezes, falhas. A relação afetiva da criança com os textos e dos adultos-modelo com a leitura e escrita afetam diretamente o desempenho escolar do estudante nessas competências. Pode-se perceber como a interação dos pais, responsáveis e professores com a linguagem escrita também irá afetar como os diversos textos são apresentados aos pequenos e em quais situações. É possível que esta relação se dê de maneira prazerosa, estimulando a apropriação do conteúdo e seus significados, assim como a posição do leitor em relação ao texto em seu caráter explícito e implícito, porém ainda há a possibilidade de que a literatura seja utilizada apenas como “caminho” para uma forma mecanicista de aprendizado, utilizando-a somente como ferramenta para decodificação de letras e sílabas, sem a preocupação do domínio conceitual e interpretação do texto.

Compreender a forma de como a linguagem escrita, os livros e as atividades de leitura e escrita afetam o aluno pode auxiliar o professor a estabelecer propostas pedagógicas, visando afetar o aluno de forma positiva. Caso isso não seja levado em consideração, é possível que a criança em fase de alfabetização seja afetada de forma negativa, oferecendo resistência e até mesmo apresentando dificuldades na aquisição da linguagem escrita, nada relacionados às de caráter neurológico e, infelizmente, confundidas como tal (como as dislexias, TDH e outras).

R$ 40 / h
Danielle C.
Curitiba / PR
Danielle C.
Horas de aulas particulares ministradas 10 horas de aula
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Especialização: Alfabetização e Letramento (Universidade Brás Cubas)
Professora, formada em Pedagogia, com especializações na área de educação, para aulas de reforço escolar no Ensino Fundamental. (1º a 5º ano)
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