Ferramentas de estudo - O Fichamento
Por: Natalia M.
28 de Março de 2017

Ferramentas de estudo - O Fichamento

Português Língua Portuguesa Comunicação Leitura Gramática Reforço Escolar

Orientações para elaboração de fichamento.

 

Para ter bom aproveitamento na hora dos estudos, é sempre bom lançar mão de recursos que nos auxiliam na leitura e posterior consulta ao texto. Umas dessas ferramentas é o fichamento.

Fichamento é um gênero acadêmico cuja finalidade gira em torno da atividade de consulta e estudo. Trata-se de uma técnica eficiente para compreensão de um texto e detecção dos objetivos e conceitos nele trabalhados.
É estruturado em tópicos e pode conter transcrições do texto, sempre indicado por aspas e referência à página. O ideal, no entanto, para que cumpra sua função enquanto orientador de estudo, é que o fichamento seja elaborado a partir da compreensão do leitor sobre o que o texto apresenta. O texto do exemplo abaixo é acadêmico, da área de Linguística. Para textos literários, uma ferramenta melhor é o resumo (assunto para outro post).

Ex:

CAMARA JR., J. Mattoso. Gramática e seu conceito. In: Estrutura da Língua Portuguesa. 33ª ed. Petrópolis: Vozes, 2001, pp.11-16.

 

1. Gramática descritiva: segundo Camara Jr., é também sincrônica. Refere-se ao estudo do mecanismo pelo qual uma dada língua funciona, num dado momento, como meio de comunicação entre seus falantes, e à análise da estrutura (ou configuração formal), que nesse momento a caracteriza.
2. Gramáticas tradicionais: seguem o modelo greco-latino. Com base em uma análise descritiva, limitam-se mais em apresentar uma norma de comportamento linguístico. São, portanto, de caráter mais normativo. Há nelas um certo tratamento científico por procurarem explicar a organização e o funcionamento das formas linguísticas de forma objetiva.
3. Estudos gramaticais anteriores:

3.1. Gramáticas filosóficas: O fundamento está na disciplina filosófica da lógica. Bastante criticada até o século XX, passou a ser valorizada a partir dos trabalhos de Noam Chomsky. Pressupunha-se que a língua fielmente reflete, em sua organização e funcionamento, as leis do raciocínio (pensamento aristotélico).

3.1.1. círculo vicioso: “a língua servia para ilustrar a lógica, e a lógica para desenvolver a gramática.” (p.12) A filosofia da lógica mostrou-se insuficiente para os fins a que se propunha, forçando para que fosse recriada em linhas matemáticas (lógica simbólica). Em suma, a base lógica é uma compreensão intuitiva das coisas permeada por toda a vivência humana (processada de forma universal por todos os homens – essência interior).

3.2. Psicologia: outro caminho percorrido durante o século XIX para o estudo da gramática. Salientava aspectos psicológicos presentes nas línguas, como acontece em todo procedimento humano. Insistia-se na carga de emoção e fantasia atuantes nesses processos e na comunicação linguística.
3.3. Gramática histórico-comparativa: estudo comparativo entre as línguas para depreender entre elas origens comuns.
3.4. Gramática histórica: história das mudanças nas línguas através dos tempos. Tanto esta como o estudo comparativo não se preocuparam com uma descrição linguística.

4. Início dos estudos descritivos: Em princípios do século XX, Anton Marty apontou que “ao lado das leis históricas há leis descritivas”. Foi com o trabalho de Saussure, no entanto, que a visão descritivista ganha terreno. De forma sistematizada, Saussure entende que linguística sincrônica é a gramática descritiva, cientificamente conduzida (sistemática, objetiva e coerente). Com isso, o linguista franco-suíço procurou tratar os estudos gramaticais de forma independente das disciplinas filosóficas da lógica e da psicologia, como de quaisquer outra ciência.

4.1. Escola norte-americana: Liderada principalmente por Leonard Bloomfield, desenvolveu técnicas de descrição rigorosas e objetivas. Distingue-se da escola europeia (saussuriana) por separar o valor significativo das formas linguísticas. Desde Wilhelm von Humboldt, filósofo do século XIX, a gramática descritiva foi compreendida como a análise da forma externa de uma língua (sons vocais, desinências) e a análise da sua forma interna, isto é, do seu mundo de significações.
4.2. Descrição e sincronia: os falantes não têm informações históricas sobre a sua língua e nem precisam para utilizá-la com eficiência. Além disso, o conhecimento histórico não corresponde à análise sincrônica (ex. comedere).

5. Descrição e normas: as duas disciplinas são correlatas, mas independentes. A gramática descritiva é a linguística pura e a normativa é a linguística aplicada a um fim de comportamento social. Há uma dependência da gramática normativa com relação à linguística sincrônica, pois as normas estabelecidas precisam estar ancoradas em procedimentos linguísticos objetivos. A norma não pode ser rígida e uniforme, pois corresponde a cada situação social específica. Portanto deve ser elástica e contingente.
6. Ensino: Camara Jr. aponta três preceitos que devem ser observados com relação à gramática normativa: 1) não impor as regras praxistas como se fossem linguísticas; 2) evitar fazer correções sem o apoio das pesquisas linguísticas; 3) não partir do princípio insustentável de que a norma é sempre a mesma, fixando um padrão social altamente formalizado como sendo o que convém sempre dizer. O autor sugere que aos professores de língua e homens em geral tenham acesso às gramáticas descritivas, porque são desinteressadas de preocupações normativas. Ainda considera que, se a gramática descritiva se propõe a ser aplicada ao ensino, deverá então partir do uso falado e escrito considerado culto, ou seja, adequado às condições formais de intercâmbio linguístico.

Espero ter ajudado!

Até mais!

Profa. Natalia Machado.

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