Desde muito pequeno lia muito e gostava de investigar línguas estranhas; o primeiro e único livro da minha infância, que tinha em casa , era uma Bíblia enorme, com um monte de notas minúsculas com palavras em hebraico e grego, que eu queria ler e entender sem saber (como). Como morávamos na roça em Minas, longe de escolas, minha mãe me ensinou a ler e a escrever em casa, e quando, já bem tarde para a idade, com 8 anos, entrei na escola, já estava razoavelmente alfabetizado.
Foi quando do um tio convidou a viúva com dois filhos para morar com ele em Araras, interior de São Paulo, e fui est…
Desde muito pequeno lia muito e gostava de investigar línguas estranhas; o primeiro e único livro da minha infância, que tinha em casa , era uma Bíblia enorme, com um monte de notas minúsculas com palavras em hebraico e grego, que eu queria ler e entender sem saber (como). Como morávamos na roça em Minas, longe de escolas, minha mãe me ensinou a ler e a escrever em casa, e quando, já bem tarde para a idade, com 8 anos, entrei na escola, já estava razoavelmente alfabetizado.
Foi quando do um tio convidou a viúva com dois filhos para morar com ele em Araras, interior de São Paulo, e fui estudar numa escola estadual. Minha mãe era diarista, depois passou a ser cozinheira num hospital psiquiátrico. No final do colegial, como melhor aluno da escola, ganhei a inscrição paga para o vestibular da UNESP. Já tinha achado na
Biblioteca Municipal um manual de grego em francês, que alguém doou e estava lá mais de século, pois era de 1.89?; Araras foi sede dos barões do café e aquilo devia ser um espólio de algum nobre erudito da época. Fiz ótimo uso, além de aprender a ler francês sozinho com dicionários e gramáticas de bibliotecas, foi me moldando a vocação. Deixei o curso de Filosofia de Marília na UNESP e entrei no curso de grego na USP, em São Paulo. Morei na moradia estudantil e, não rara surpresa, todo os manuais, gramáticas e dicionários do curso de grego eram importados, em francês. Hoje está tudo traduzido, não em 1998. Como o amor me visitou e acabaram vindo 3 crianças para nossa vida, fui fazendo mais lentamente o curso, até que o prazo acabou. Mas, não desisti. Vestibular novamente, entrei na USP de novo em 2012, continuei o grego, cursei Português, fiz aprofundamento com três iniciações em Literatura, Brasileira e a Grega, e terminei tudo. Ao fazer os estágios da Licenciatura, apaixonei-me por ensinar. Percebi que sou mais didático e intrusivamente eficaz, ensinando “heart to heart”, não tanto à frente de uma sala lotada. A gratidão de poder ser útil e até valioso recompensa tamanha trajetória de esforço e sacrifícios.
Reginaldo